HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE
NOVA PRATA
Situado na Microrregião Colonial do Alto Taquari,
localizado na Encosta Superior do Nordeste, distante 186 km
da capital de Porto Alegre, numa altitude de 820m, conserva
suas características mais autênticas: as propriedades
coloniais, o linguajar e os costumes herdados da imigração
italiana (principalmente), polonesa, alemã, portuguesa
e outras em menor número.
Nova Prata limita-se ao:
- Norte: com Guabijú e André da Rocha
- Sul: com Vila Flores e Fagundes Varela
- Oeste: com Nova Bassano, Nova Araçá e Vista
Alegre do Prata
- Leste: com Protásio Alves.
Desde cedo a atividade agrícola se aliou ao extrativismo
vegetal, consubstanciado na exploração de ervais
e madeira, sendo que esta última tornou-se a principal
atividade da região até a década de 60.
Hoje, com seu relevo estrutural fortemente dissecado, as grandes
jazidas de basalto da formação da Serra Geral
caracterizam esta área.
Primeiros Habitantes da Região de Nova Prata
A região territorial de Nova Prata era habitada por
tribos de índios Caingangs (também conhecidos
como ?Coroados?), que somente mantiveram contato com a civilização
? descendentes de espanhóis, especificamente - por
volta de 1850, e com eles iniciaram a negociar por meio de
escambo. Há relatos de desentendimentos e rusgas, nos
quais perderam a vida vários índios e espanhóis.
Mais tarde, Silvério Antônio de Araújo,
entrando em entendimento com os índios Coroados, traçou
a estrada que deveria dar acesso a Porto Alegre. O governo
da Província do Rio Grande do Sul, informado disso,
deu a Silvério Antônio de Araújo o direito
de escolher terras, tornando-se este o proprietário
de quase toda a área da atual sede de Nova Prata.
Em conseqüência da colonização,
os índios Coroados se afastaram rumo aos Toldos de
Casseros e Cacique Doble, situados no município de
Lagoa Vermelha; 7 de setembro, em Passo Fundo, e Ligeiro,
em Erechim. Na atualidade, os descendentes dos Coroados acham-se
nas reservas indígenas de Cacique Doble e Nonoai.
Vale salientar inclusive que, em homenagem aos primeiros
habitantes destas plagas, um dos hotéis existentes
atualmente em Nova Prata é denominado de "Hotel
Coroados".
A Colonização
A quase totalidade da área da sede atual do município,
de propriedade de Silvério Antônio de Araújo
foi doada, posteriormente, por D. Plácida Vieira de
Araújo à Sociedade Protetora da Igreja São
João Batista do Herval, cuja liberalidade foi feita
em 30 de setembro de 1904, conforme escritura pública.
D. Plácida Vieira de Araújo, espírito
filantrópico e empreendedor, viúva de Silvério
Antônio de Araújo, foi a maior proprietária
de terras do município. Seus bens estavam compreendidos
entre o arroio Retiro, divisa das comunas de Nova Prata com
Veranópolis, e o rio da Prata, limite com o município
de Lagoa Vermelha.
Representaram a Sociedade Protetora, da doação,
os Srs. Henrique Lenzi, Vicente Peruzzo, Rafael Cherubini,
Clemente Tarasconi e Fernando Luzzatto.
No estatuto da Sociedade estava evidenciado o espírito
separatista da população pratense: ?A sede jurídica
da fundação e, consequentemente, da Sociedade
que a administra, é a vila de Alfredo Chaves, enquanto
Capoeiras não se constituir politicamente em município
autônomo?.
As escrituras de doação e os estatutos da Sociedade
Protetora foram redigidos pelo eminente jurisconsulto Plínio
de Castro Casado. Os terrenos foram demarcados pelo agrimensor
Francisco Carlos Resin Barreto Leite tanto na zona urbana,
como na rural.
Iniciada a colonização, estabeleceram-se na
região as primeiras famílias dos colonos: famílias
Manoel Martins, Guedes, Moreira Teles (já radicados),
Fernando Luzzatto, Henrique, Luiz, Rafael, Paulo Lenzi, Jacob
Kurtz, Rodolpho e Emílio Schneider, Rafael Cherubini,
Vicente, Marcos, Guerino e Eugênio Peruzzo, José
Eccel, José Santetti, Miguel Magagnin, Jacob Enger,
Luiz Cavani, João Kaminski, João Saggi, Joaquim
Pires e outros.
Capoeiras era, naquela época, sede do segundo distrito
de Alfredo Chaves, atual Veranópolis, no tempo, mais
conhecida por ?Paese Novo?. Foram instaladas algumas casas
de comércio e pequenas indústrias, tornando-se
Capoeiras ponto de abastecimento para uma vasta região,
pois o norte do atual município de Lagoa Vermelha era
mata virgem.
O novo povoado progredia rapidamente, contribuindo muito
para este desenvolvimento o povoamento da zona rural. Em vista
disso, começaram a surgir as primeiras pretensões
emancipacionistas.
No entanto, somente no ano de 1923, começou a idéia
de emancipação a tomar vulto, dela participando
toda a população, que designou, após
muitas reuniões, uma comissão, constituída
pelos Srs. Henrique Lenzi, Cônego João Antônio
Peres, Felix Engel Filho, Adolpho Schneider, Fernando Luzzatto,
Clemente Tarasconi e Luiz Marafon, para ser portadora de um
memorial endereçado ao então Presidente do Estado,
Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, solicitando
a emancipação dos distritos de Capoeiras, Nova
Bassano, Vista Alegre e mais a anexação dos
distritos de Araçá, Paraí e Protásio
Alves, estes pertencentes a Lagoa Vermelha, cujos habitantes
alegavam a enorme distância que os separava de sua sede
municipal e também a falta de comunicações.
O Presidente do Estado recebeu com simpatia o pedido, prometendo,
todavia, atender, oportunamente, as reivindicações
dos membros da comissão.
Pouco tempo depois, eclodia, no Estado, o movimento revolucionário
de 1923, paralisando, como consequência, as atividades
dos emancipacionistas.
Em 1924 os integrantes da comissão emancipacionista
voltaram a entrar em contato com o Presidente do Estado, encontrando
um pequeno entrave em seus objetivos, pois Lagoa Vermelha,
que muito havia contribuído para defender a legalidade,
por ocasião da revolução do ano anterior,
não desejava que fossem desmembrados seus distritos.
Em 11 de agosto de 1924 era assinado o Decreto 3352, criando
o município do Prata, constituído pelos distritos
de Prata (ex-Capoeiras), Nova Bassano e Vista Alegre, sendo
instalado em 15 de novembro do mesmo ano, ficando excluídas
as populações de Protásio Alves, Araçá
e Paraí, que jamais se conformaram em não pertencer
à nova comuna criada.
O mais incansável ?anexionista? foi o vereador Caetano
Peluso, que, concitando o povo no sentido desta reivindicação,
chegou ao ponto de ser processado.
Foi constituída uma nova comissão emancipacionista
que foi recebida pelo Interventor Federal, General Flores
da Cunha, voltando com a promessa de que seriam atendidas
suas pretensões.
Em 24 de outubro de 1932, o General Flores da Cunha, corrigindo
uma anomalia geográfica, incorporou ao Prata os distritos
de Araçá, Paraí e Protásio Alves,
baixando o Decreto 5.127. Publicado esse ato, constatou-se
que os limites estabelecidos não satisfaziam os anseios
populares, e foi, ainda, Caetano Peluso que encabeçou
um movimento para a retificação, conseguida
pouco tempo depois, por novo decreto da Interventoria. Para
a consecução destes objetivos, anexação
dos distritos e retificação de divisas, tiveram
atuação importante os Srs. Mário Difini
e Oscar da Costa Karnal.
A 9 de outubro de 1924, realizaram-se as eleições
de intendente e conselheiros municipais, tendo sido eleitos:
intendente, Felix Engel Filho; vice-intendente, Henrique Lenzi;
conselheiros, Adolpho Schneider, Andréa Carbonera,
Humberto Simonato, Alberto Peruzzo, Luiz Leduc, Guilherme
Stockmans e Eugenio Bettio, que tomaram posse a 15 de novembro.
Em sua primeira reunião, efetuada no mesmo dia, o Conselho
elegeu sua mesa, que ficou assim constituída: presidente,
Adolpho Schneider; vice-presidente, Humberto Simonato; secretário,
Luiz Leduc. Posteriormente renunciaram suas cadeiras os conselheiros
Adolpho Schneider, Andréa Carbonera e Guilherme Stockmans,
tendo sido convocados os suplentes Romualdo Tarasconi, Eutichiano
Devi e José Zottis, assumindo a presidência o
conselheiro Humberto Simonato.
A 15 de setembro de 1928 verificou-se a sucessão intendencial
sendo eleitos: intendente, coronel Virgílio Silva;
vice-intendente, Adolpho Schneider; conselheiros, Luiz Marafon,
Henrique Lenzi, Emílio Cerri, Domingos Todeschini,
Fernando Luzzato, Humberto Simonato e Heitor Tarasconi, ficando
a mesa constituída da seguinte forma: presidente, Luiz
Marafon; vice-presidente, Henrique Lenzi; secretário,
Heitor Tarasconi.
Com a vitória do movimento insurrecional de 3 de outubro
de 1930, cumprindo ordens do Governo Central, o Estado expediu
decreto dissolvendo o Conselho Municipal e declarando extinto
o mandato de intendente.
O coronel Virgílio Silva, de conformidade com o Decreto
4.657, de 1° de dezembro de 1930, foi nomeado prefeito
da comuna, assumindo o governo municipal no dia 3.
De 1° de março a 17 de agosto de 1931, em virtude
de moléstia grave do Prefeito, esteve à frente
da administração o Capitão Firmino Antônio
da Silva. Havendo aquele edil se exonerado a 10 de agosto,
foi, na mesma data, nomeado Prefeito do município o
cidadão Oscar da Costa Karnal, que, desde 1928 vinha
exercendo o cargo de secretário-tesoureiro da comuna.
Oscar da Costa Karnal dirigiu a Prefeitura assistido por
um conselho consultivo de que faziam parte Luiz Marafon, Emílio
Cerri e Rafael Cherubini, até 20 de outubro de 1932,
data em que foi substituído, em face de sua remoção
para Lajeado, por Mário Difini, o qual, por sua vez,
administrou o município até 22 de setembro de
1933, passando a direção dos negócios
públicos ao Capitão Adolpho Schneider.
Falecendo o conselheiro Rafael Cherubini, substituiu-o Gabriel
Cherubini. A 31 de dezembro de 1935, processaram-se as eleições
municipais, sendo eleitos: Prefeito: Capitão Adolpho
Schneider, e vereadores: Luiz Marafon, presidente; vice-presidente,
Gabriel Cherubini; secretário, Heitor Tarasconi; membros
da Câmara, Tertuliano Osório Mendes, Fioravante
Cella, Erasmo Bombardelli e João Grazziotin.
Em 1° de novembro de 1937 foi dissolvida a Câmara,
continuando à frente dos negócios municipais
o Capitão Adolpho Schneider.
Nova Prata chamou-se, até atingir sua maioridade política,
?Capoeiras?, cujo nome lhe foi dado há mais de 85 anos,
após violento furacão que desmatou extensos
pinhais que circundavam a sede atual, reduzindo-a a um capoeirão.
Quando da doação da área urbana, os
Padres da Paróquia pretendiam dar ao novo povoado o
nome de São João Batista do Herval, santo protetor
da cidade, o que foi confirmado pelo Governo do Estado. Todavia,
não logrou resultado, devido à antiga e histórica
tradição de ?Capoeiras?.
Em 1924, data de sua emancipação política,
a comissão que encabeçou o movimento sugeriu
para o município a denominação ?Flores
da Cunha?. O Presidente Borges de Medeiros, sempre infeso
em seu governo a homenagear pessoas vivas, embora acolhesse
com simpatia à sugestão, opinou, todavia, pela
denominação de "Prata", que tira sua
origem do rio de mesmo nome que banha o norte e o leste do
município.
Houve, também, uma tentativa de dar ao município
o nome de Caiboaté, que não mereceu aprovação
dos pratenses, permanecendo Nova Prata.
Em 1908, organizou-se a Sociedade Musical Capoeirense, não
só musical, mas também recreativa, cujas festas
e bailes a rigor faziam lembrar a suntuosidade e imponência
do século XVIII.
Uma vez efetivadas todas as anexações e constituídos
os novos distritos, o Município de Nova Prata com área
de 1.322 Km² ficou administrativamente com os seguintes
distritos:
1 - Nova Prata - Sede do Município
2 - Nova Bassano
3 - Vista Alegre
4 - Paraí
5 - Nova Araçá
6 - Protásio Alves
7 - São Jorge
8 - Guabijú
9 - Rio Branco
A situação do grande Prata, com seus 1.322
km² não durou muito tempo. De 1964 a 1965, três
de seus distritos conquistaram autonomia, formando novos Municípios
- Nova Bassano, Nova Araçá e Paraí -
ficando reduzido seu território para 875 km².
Em 20 de setembro de 1987, mais dois distritos foram às
urnas e, através de plebiscito, emanciparam-se: São
Jorge e Guabijú. Em 10 de abril de 1988, mais dois
distritos tornaram-se independentes: Vista Alegre e Protásio
Alves.
Desta forma, constituíram-se em municípios
autônomos:
- Nova Bassano em 23/05/1964, pela Lei Estadual nº.
4.730;
- Nova Araçá em 22/12/1964. Pela Lei Estadual
nº. 4.730;
- Paraí em 09/07/l965, pela Lei Estadual nº.
4.977;
- São Jorge e Guabijú em 20 de setembro de
1987;
- Vista Alegre e Protásio Alves em 10 de Abril de
1988.
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